Agora que o blog está de volta não podia passar sem falar dos Spiritualized. Para além de uma passagem um tanto ou quanto discreta pelo Alive 08! (os horários entre o palco principal e secundário não favoreceram em nada a sua actuação), os Spiritualized editaram este ano o que será, sem margem para dúvidas, um dos 10 melhores álbuns de 2008, na minha opinião apenas superado pelo 4º (e controverso para alguns) álbum de uma super banda de nome Coldplay.
Os Spiritualized são na sua essência obra e graça de Jason Pierce, antigo membro dos Spacemen 3, sendo ele compositor, escritor e interprete de todo o material que é editado pelos Spiritualized. Na segunda metade da década de 90 Pierce ganhou uma notoriedade enorme tornando-se um dos compositores mais conceituados na cena rock, muito devido ao magnífico Ladies and Gentlemen We Are Floating In Space de 1997. Agora, passados mais de 10 anos, 2 albuns de originais e uma situação de saúde bastante difícil de Pierce é editado Songs in A & E que volta a colocar Pierce na rota dos maiores compositores da sua geração.
Songs in A & E é composto por 18 peças, 6 delas instrumentais, que apesar de serem escritas, na sua maioria, antes da referida doença de Pierce, carregam em si bastante sofrimento mas também alívio, sendo o reflexo do confronto de Pierce com a morte. Das 12 canções é bastante difícil destacar alguma, sendo que “Baby, I’m Just A Fool” mostra uma ligação à obra-prima de 1997. Gospel, Blues-Rock, Space-Rock, Pop, Psicadelismo, Shoegaze, tudo se mistura num álbum de referência para 2008 e para a discografia dos Spiritualized. O vídeo que se segue refere-se ao primeiro single “Soul On Fire”. Senhoras e senhores, Spiritualized:
De tempos por tempos, a cultura pop tem destes casos: celebridades de uma arte a aventurarem-se (sim é mesmo uma aventura) noutras artes. Em 2008 Scarlett Johansson goza já de um indiscutível sucesso no cinema, filmes como Suicide Virgins, Lost In Translation ou Match Point tornaram-na numa das actrizes mais carismáticas da sua geração.
Por falar
Ainda em 2007, Scarlett deu a conhecer a sua intenção de gravar um disco unicamente com versões de Tom Waits e que contaria com a produção de Dave Sitek (guitarrista dos Tv On The Radio) e Nick Zinner (guitarrista dos Yeah Yeah Yeahs). Já em 2008 soube-se que a acrtiz contaria ainda com outra colaboração de luxo, David Bowie juntar-se-ia em dois temas a Scarlett. Um desses temas é “Falling Down”, single que antecipou a edição de Anywhere I Lay My Head uma fantástica colecção de versões de um dos artistas mais inventivos da história da música (que este ano tem agendada uma digressão mundial, muito provavelmente com passagem por Portugal).
O que muitos esperavam que fosse mais uma aventura completamente desastrosa, é sim uma fantástica surpresa, que ajudará certamente à imortalização de uma das figuras mais marcantes dos círculos mais alternativos da pop. Johansson pode ser mesmo a nova Monroe, que não haja dúvidas disso.
É impossível não pensar em M.I.A. enquanto se ouve Santogold, o álbum de estreia de Santi White, mais conhecida por Santogold. Mas esta residente de Brooklyn (curiosamente mais uma das grandes novidades de 2008 sai deste distrito de Nova Iorque), enquanto tenta cruzar as últimas coordenadas do hip-hop, parece estar muito atenta ao que a rodeia, nomeadamente a toda a cena indie rock que emergiu
Ben Gibbard, o vocalista dos Death Cab for Cutie e uma das figuras mais veneradas na cultura indie americana, deu o aviso: Narrow Stairs, o novo disco da banda será um marco na discografia da banda, um afastamento da sonoridade que tornou os DCFC autênticos gigantes nos EUA. Esta é, de facto, uma banda peculiar, em que o enorme sucesso e atenção, de que dispõe no seu país, é bastante desproporcional comparado com o que possuem no velho continente, a prová-lo está a rápida passagem que terão pela Europa durante este Verão.
Mas falando sobre Narrow Stairs, é já para a semana que estará disponível, no entanto como avanço para ao mesmo os DCFC dão-nos a conhecer “I Will Possess Your Heart”, que não sendo uma completa mudança da banda, mostra uma coragem impressionante, são 8 minutos e 30 segundos de canção, um formato que vai contra tudo o que está implementado, actualmente é raríssimo um single que ultrapasse a duração de 5 minutos. Mas se, por si só, este facto já mostra que os DCFC estavam disposto a dar um abanão no formato de canção, o que se torna ainda mais fascinante é a voz de Gibbard só surgir a meio do minuto quatro. Numa altura em que o ouvinte, e consumidor, é bombardeado com dezenas de propostas diariamente, esta é uma atitude de clara coragem dos DCFC, comercialmente poderá ser ainda mais arriscada que a revolução que os Radiohead involutariamente, segundo os mesmo, causaram.
Para já fiquem com “I Will Possess Your Heart”, o tão falado, longo single do Death Cab For Cutie.
Como é óbvio, não é preciso apresentar estas duas bandas.
Começando pelos R.E.M., estão de volta à forma que os tornou verdadeiros mitos vivos do rock alternativo, o primeiro single é este “Supernatural Superserious” que antecedeu a edição de Accelerate. Os R.E.M. necessitavam de um abanão depois do mais adormecido Around The Sun, Accelerate é a resposta certa a esse disco. Um dos discos do ano certamente, a constar do top-10 de muito boa gente certamente.
O segundo é Nick Cave e os seus Bad Seeds. Depois de o ano passado ter sido bastante bem recebido com o projecto Grinderman, Nick Cave volta em nome próprio para assinar um álbum imprescíndivel, tudo o que se conhece de Cave está cá, a isto junta-se uma actualização e inovação constante da sonoridade que fazem de Cave um dos mais importantes artistas da sua geração. "Dig, Lazarus, Dig!!!" é ao mesmo tempo o single de apresentação e também o nome do disco editado no mês de Março. O video mostra Nick Cave em grande forma, com um sentido de ritmo contagiante. O bigode, esse, fica para a História, só David Crosby o supera (pela longevidade).
